A iniciativa visa lançar um olhar retrospetivo e de síntese sobre um movimento cultural que ditou o alargamento das bases dos interessados em jardinagem e horticultura ornamental, gerado a partir da Ilustração moderna nos grandes centros europeus, e estendido às suas margens e periferias. Focando-nos no caso de estudo da Ilha de São Miguel, foram reunidos para esta exposição documentos, espécies bibliográficas, iconográficas e objetos representativos da temática abordada, essencialmente provenientes dos fundos da BPARPD mas igualmente de outros espólios institucionais e privados, designadamente da Biblioteca, Arquivo e Museu da Universidade dos Açores, do Museu Carlos Machado, da Delegação do Turismo de Ponta Delgada e do arquivo e biblioteca privada Marquês Jácome Correia, e patente do dia 22 de fevereiro a 1 de maio do presente ano. O propósito desta exposição é dar a conhecer tanto a origem e as primeiras importações para a Europa de um conjunto de plantas que se encontram representadas nos jardins de São Miguel e nas paisagens açorianas, como os protagonistas da encomenda e as suas motivações; os fornecedores, veículos e meios de transporte das plantas; o cultivo e a aclimatação face às inovações técnicas e científicas produzidas ao longo do século XIX; e por ultimo, mas não menos importante, a transmutação de significados operados pela representação, exibição, divulgação de conhecimentos e propagação de plantas exóticas no território da ilha, com as inevitáveis consequências no plano simbólico, económico e ecológico. O catálogo, com a coordenação da Professora Doutora Isabel Soares de Albergaria, é constituído por duas partes, sendo a primeira votada a um conjunto de cinco estudos versando problemáticas diversas e incidindo sobre campos disciplinares distintos, tendo as plantas e os jardins de São Miguel como denominador comum. Na segunda parte apresentam-se os textos de enquadramento dos quatro núcleos que compõe a exposição, a saber: O Conhecimento das Plantas; Encomenda e Transporte; O Cultivo e Assimilação Cultural. Enquadrada e enriquecida pelos textos da coordenadora, a publicação constitui um aporte rigoroso e informado para o aprofundamento da reflexão em torno das funções de conservação, divulgação, proteção e dinamização de um património documental, botânico, paisagístico e ambiental que se afigura de extrema relevância cultural, e também turístico, no contexto da ilha de São Miguel, em particular, e dos Açores, em geral. Ana Duarte Rodrigues, reputada especialista em história de jardins, trata das exposições de jardins numa perspetiva atual e transversal, enquanto instrumentos privilegiados para a revelação do imenso trabalho criativo de design e composição de jardins, de conhecimentos científicos de botânica e horticultura, dos desafios tecnológicos a ultrapassar e das personalidades que desempenharam um papel fundamental no desenvolvimento da arte dos jardins; Maria João Pereira, bióloga da Universidade dos Açores e investigadora dos projectos GreenGA e IGA (Innovation Green Azores) propõe-nos uma análise da fitodiversidade existente nos jardins dos Açores e do seu legado botânico, apresentando resultados parciais e até agora inéditos da investigação levada a cabo pelo projeto Green Gardens – Azores; Raimundo Quintal, autoridade incontestada no domínio da biogeografia e grande amigo dos jardins dos Açores, traz-nos uma proposta fundamentada para a classificação de Árvores Monumentais existentes nos jardins, parques e matas de São Miguel; Finalmente, Rosalina Gabriel, bióloga especialista em Ecologia Vegetal da Universidade dos Açores, investigadora do projeto GreenGA e membro do Grupo da Biodiversidade dos Açores, trata do papel dos jardins na disseminação de espécies exóticas e invasoras, sob o mote: não há rosas sem espinhos; Isabel Iva Matos Cogumbreiro Garcia, Chefe de Divisão de Biblioteca e Documentação faz uma digressão reflexiva sobre o espólio documental da BPARPD dedicado a plantas e jardins e o seu contributo para a formação das identidades.
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